sábado, 19 de novembro de 2011

Enternecer




Não é difícil peregrinar por entre devaneios quando estou ao seu lado. Tampouco, quando estou longe de ti. Os vários sorrisos e a forma tola de se expressar são apenas a forma de demonstrar um sentimento profundo. De algo que permeia por entre a felicidade e o verdadeiro amor. Mas, esquecemos as coisas profundas e os momentos grandiosos e falemos da simplicidade. Lembremos sempre do toque caloroso e afável. Da mão forte que protege e alinha corpo e espírito. Dos sorrisos expressivos, dos olhos encantados e saltitantes ao mais leve movimento da sua respiração. Dos passeios na praça ao perambular por entre lojas. Sem destino. Pra que procurar um rumo não é mesmo? Já nos encontramos. Não posso também esquecer o beijo que protege, do corpo que envolve, do homem que é menino e que mexe comigo. Da alegria sincera de estar ao seu lado. A cada segundo. De viver e buscar completar-me nesse tempo que nos encontramos. Do respeito e da gratidão pelo carinho que me enternece nas pequenas coisas. São delas que eu me lembrarei pra sempre. Dos gestos pequenos e doces que me trouxeram encantamento. De você guardado em minha memória. Talvez não seja justo dizer que lhe amo. Meus olhos sempre fazem isso por mim. Me calam e enternecem todos os momentos.

sábado, 5 de novembro de 2011

Castelo de Cartas

Eu apostei tanto em nós, esperei tanto de nós. Mas tudo se dissolveu tão rápido e o pior de tudo é que não cabem explicações, porque elas simplesmente não existem. E, se existissem, eu também não queria ouvi-las.
Eu tinha tantos sonhos pra nós e, todos os sonhos que eram só meus, eu joguei fora.  O que dói mais, não é o seu abandono, mas sim o fato de tudo o que eu renunciei pra poder estar com você. Eu esqueci de mim mesmo, deixei pra lá todos os meus ideais e abandonei até mesmo princípios que antes eu julgava importantes, só pra me adaptar e poder estar com você. Eu fui me neutralizando e super valorando você.
Apostei todas as minhas cartas em nós, e achava divertido fazer um castelo com elas, mas você soprou e tudo desmoronou como se realmente fosse um castelo de cartas. Só que não tenho mais paciência e disposição para empilhar todas as cartas novamente. Por mais que eu queira ver tudo em pé e como era antes, eu não tenho mais ânimo.
Ainda lembro-me do entardecer em que estávamos juntos e eu vi a primeira estrela que despontava no céu, pedi pra amar você por toda minha vida, mas acho que fiz o pedido errado, eu deveria ter pedido pra que você me amasse por toda a sua vida.
Agora apronto os meus pés novamente na estrada, sigo em frente e que um novo amor venha e me faça esquecer você. Obstante, se de tudo eu não conseguir esquecer, que ao menos eu aprenda a conviver com as lembranças sem que elas doam.  E se doerem que eu aprenda a ser forte com a dor e a suportá-la.


sábado, 29 de outubro de 2011





As roupas estavam jogadas no chão do quarto.
Por entre cortinas amareladas pelo tempo, a luz amontoava-se na madeira dos móveis.
Os corpos estavam nus.
Vestidos de desejo.

Instalada as primeiras respirações foram um afagando ao outro.
As mãos se procuravam.
Os movimentos eram desordenados, desencontrados.
O deslizar, delicado por entre poros e pêlos.
A suavidade, aplacada pelos arrepios que surgiam a cada instante.
Enlaçavam-se, mediados por impulsos intransigentes.

Existiam...
Contrações e vibrações
Palavras mudas nas exorbitâncias sensuais dos sexos.
Vontade, força energia.

Encontravam-se...
Um nos olhos do outro.
Um na pele do outro.

Completavam-se...
Em lábios cedilhados pelo beijo.
No escorregar de línguas
No desconhecido
No sexo

Eram...
Frágeis, como pétalas atiradas às brisas
Fortes, como jangadas em mares bravios.
Construções ordenadas no caos do momento.
Corpos dóceis.
Triunfos, livres
Um nos braços do outro.



sexta-feira, 21 de outubro de 2011

...deixe voar

É engraçado pensar em quantas vezes escrevi sobre amores, desamores, amores platônicos , estes ainda mais. E vou me desenhando nestes pequenos pedaços de amores, talvez por sempre enfatizar que eu sou um pedaço destes amores, e um romântico incurável, onde tudo parece transbordar amor de uma forma que nem eu mesmo saberia suportar e simplesmente acabo 'amando'. Hoje não diferente, estou aqui pra falar de mais um dos amores platônicos, talvez em verdade tentar explicar todos eles., espelhando este. 

E como explicar amor  ?! pergunta, que sempre me permeou tanto, afinal, sentir é tão facil e simples, explicar tão confuso e cheio de anedotas que nunca soube-se encaixar,. Há você pequeno grande amor, teria que explicar que amo-te sem nada pedir, a não ser que seja imensamente feliz com qualquer outra pessoa, parece resignar-se não ?! porém não é bem isso, é que eu aprendi a me apaixonar por pessoas que não são minhas, e isso é deveras incrivel confesso. É como se eu me apaixonasse por uma pessoa,que precisa de outra pra ser feliz,e eu simplesmente pudesse ama-la tanto a ponto de querer que esta pessoa viva ao maximo, a ponto de querer que esta pessoa ame tanto que isso também a transborde, a faça voar, tirar os pés do chão sem compromisso, e pra mim amar sempre foi talvez um pedaço disso, e já eu tentando definir o que não sei, é só que aqui  me vejo apaixonado platônicamente e novamente, rs'' mais de uma maneira que já é em mim tão sábia, é só um apaixonar-me por alguém que precisa de amor, e isso me deixa contente em saber que quando este amor encontrar um amor que o corresponda eu pego minha bagagem e sigo para o próximo amor platônico, talvez seja lá as missões de cada um, e esta talvez venha ser a minha, me apaixonar pra que o outro entenda que meu olhar é de amor e que este que lhe entrego é para que ele faça disso um passo novo para poder amar intensamente um novo alguém e fazer da vida algo maior sempre. E se isso me machuca, ?! não mais, às vezes quando nos entendemos fica tão mais facil viver, tão mais facil amar. Em verdade meus amores são sempre assim, sem grandes conotações sexuais, é só apreciar, sentir, ver sorrir é o que me completa intensamente. 
''. . . não me espere porque eu não volto logo, não nade porque eu me afogo, não voe porque eu caio do ar, não sei flutuar nas nuvens como você, você não vai entender que eu não sei voar, eu não sei mais nada ! " ( A Banda Mais Bonita da Cidade ) 



quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Quem sou eu.

Já me perguntei quem sou eu inúmeras vezes – já nem sei quantas – e em todas elas dei respostas diferentes. Isso no começo me incomodava, pois responder a mesma pergunta de forma diferente fazia eu me sentir volúvel, inconstante, mutável e inexato.
Eu nunca tive sonhos pequenos; eu nunca tive uma visão rasa; eu nunca quis estar na média, eu preferia estar abaixo dela, a fazer parte dela. Não que eu queira ser diferente ou coisas do tipo, mas ser totalmente certinho, bonzinho não me dá prazer. Eu não sou nenhum vilão, longe disso, eu sou um ser humano bem humano mesmo, minha sinceridade ferina é quase que habitual e sei que ela assume extremos, nunca fica na média: ou ela é minha melhor qualidade ou meu pior defeito.  Mas ainda prefiro uma verdade amarga, do que uma mentira doce. Não tenho sonhos comuns, tipo daqueles que todo mundo tem – sonhos de classe média mesmo – ter um apartamento confortável, um carro sedan do ano, viajar nas férias etc. Meus sonhos não cabem nesse contexto, e, aliás, em nenhum outro ligado a classes sociais. Eu ouso dizê-los: eu sonho morar em cada canto que me traga paz, eu sonho morar em todo lugar do mundo; eu sonho em amar todas as pessoas que quiserem e couberem no meu coração; eu sonho em dividir tudo que sei e aprender tudo que puder; eu sonho em me tornar melhor e humano cada vez mais; eu sonho em nunca poder responder a pergunta de quem eu sou.
 Se um dia eu tiver a resposta para essa pergunto minha vida perderá todo o sentindo, pois não há nada absoluto e exato e, nunca ninguém saberá todas as respostas, mas saberá apenas o suficiente para ter certeza que a vida é única e que nem tudo pode e deve ser explicado e respondido. Pois as melhores coisas da vida não têm títulos, não tem explicação, não tem respostas. As melhores coisas da vida são sentidas e vividas naturalmente, são simples e não custam nada, aliviam a dor, tiram o peso e o cansaço, saram feridas, despertam sensações, aliviam tensões, salvam da morte.
Eu? Eu sou inexato, inconstante, mutável e ainda bem que sou assim. Pensando bem quem sou eu mesmo? Sou uma indefinição, uma “indescrição”, uma fuga de mim mesmo e quantas vezes me flagro sendo aquilo que eu nunca quis ser, me pego atuando em um papel meramente coadjuvante, me decepciono comigo mesmo e sigo sem saber ao certo o que e quem eu sou.
E assim vou seguindo com minhas incompreensões de mim mesmo e, com minhas metades, pois não sou um ser completo e nem poderia ser, não me limito, não me reprimo, sou metade anjo, metade demônio; metade santo, metade profano; metade rei, metade plebeu; metade menino, metade homem; metade masculino, metade feminino; metade seu,  sou apenas eu.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Poema seco











Entre nossos corpos nus
Cactáceas altivas brotaram
E dessa novidade
desse encontro portuário entre
amores e dores,
fragrâncias diversas eram exaladas
Por entre os poros tangentes
da tua carne,
o sabor adocicado
das tuas entranhas.
Encoberta pela sua altivez,
sibilava por entre os meus
lábios a loucura da vida.
Éramos inebriados pelos
braços e pelos abraços.
Éramos castos pelo sexo,
Éramos passageiros lúgubres
nas sonatas dos nossos versos.
Éramos intermitentes
em nossas cumplicidades
Éramos inundados pela fúria
dos nossos desejos.
Éramos agrestes.